O Walmart alertou os clientes para esperarem preços mais altos, apesar do acordo desta semana entre os EUA e a China para reduzir a guerra tarifária.
O maior varejista do mundo está particularmente exposto à guerra comercial do presidente dos EUA, Donald Trump, com a China e o México sendo suas maiores fontes de importações. Produtos provenientes do exterior representam um terço das mercadorias que vende nos EUA.
Washington e Pequim concordaram esta semana com um corte nas tarifas por 90 dias, com os EUA reduzindo temporariamente as taxas sobre importações chinesas para cerca de 40%, de até 145%.
Doug McMillon, CEO do Walmart, disse que o alívio não é grande o suficiente para evitar futuros aumentos de preços.
“Faremos o nosso melhor para manter nossos preços o mais baixo possível, mas dada a magnitude das tarifas, mesmo nos níveis reduzidos anunciados esta semana, não conseguimos absorver toda a pressão considerando a realidade das margens estreitas do varejo”, disse ele em declarações preparadas.
O primeiro trimestre do ano abrangeu um período volátil para a economia dos EUA, enquanto Trump impôs e alterou rapidamente tarifas sobre seus parceiros comerciais. A taxa de 145% sobre a China entrou em vigor em 9 de abril.
McMillon estava entre os chefes do varejo que argumentaram contra as tarifas na Casa Branca, alertando Trump sobre preços mais altos e prateleiras vazias nas lojas.
O alerta de McMillon na quinta-feira veio enquanto o Walmart relatava um aumento anual de 4,5% nas vendas comparáveis em seu negócio nos EUA no primeiro trimestre, superando o aumento de 3,7% previsto pelos analistas de Wall Street, de acordo com uma pesquisa da Visible Alpha.
O varejista manteve sua orientação financeira para o ano inteiro, que inclui uma projeção de crescimento de 3 a 4% nas vendas líquidas. No entanto, não forneceu orientação sobre lucros no segundo trimestre, citando o quadro comercial incerto. As ações subiram 2,14% no pré-mercado.
O Walmart é o primeiro grande varejista a relatar ganhos desde os anúncios de tarifas de Trump em abril. Target e Home Depot seguirão na próxima semana.
A Amazon alertou este mês que as políticas tarifárias e comerciais representavam riscos para os lucros, mas a empresa não relatou qualquer diminuição da demanda ou qualquer aumento significativo nos preços médios de venda em sua plataforma.
O Walmart relatou que seu negócio de comércio eletrônico —que inclui vendas de seu próprio estoque e de comerciantes terceirizados usando sua plataforma— foi lucrativo tanto nos EUA quanto globalmente pela primeira vez. As vendas de comércio eletrônico aumentaram 22% ano a ano no trimestre.
As preocupações com a guerra comercial levaram os compradores a acelerar as compras de alguns itens na tentativa de antecipar-se às tarifas, potencialmente distorcendo o quadro da demanda do consumidor.
O Walmart relatou receita trimestral de US$ 165,6 bilhões (R$ 932 bilhões), um aumento de 2,5% em relação ao ano anterior e ligeiramente abaixo das previsões de US$ 166 bilhões (R$ 935 bilhões), de acordo com a Visible Alpha. O lucro líquido caiu 12,6% para US$ 4,6 bilhões (R$ 26 bilhões), marginalmente acima do consenso.
Folha Mercado
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