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Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein
A solidão aumenta o risco de morte independentemente da saúde física e mental — e quanto mais persistente o isolamento, maior o perigo. Isso é o que mostra uma nova pesquisa da Universidade de Sidney, na Austrália, publicada recemtemente no British Medical Journal. O estudo avaliou, pela primeira vez, o elo entre solidão e mortalidade precoce em mulheres de meia-idade.
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A solidão é reconhecida como um problema de saúde pública e está associada a problemas cardiovasculares, depressão e demência, entre outros desfechos negativos. No entanto, segundo os autores, até agora os estudos não haviam examinado o impacto no risco de morte conforme a quantidade de anos em que a pessoa se sente só.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram dados do Australian Longitudinal Study of Women’s Health, um estudo populacional que começou em 1996 e acompanha mais de 57 mil mulheres. Eles selecionaram aquelas na faixa dos 48 aos 55 anos, que não tinham doenças crônicas no início. Depois, aplicaram questionários sobre saúde e bem-estar a cada três anos ao longo de um período de 18 anos.
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Ao fim do acompanhamento, aquelas que reportaram solidão crônica, persistente, tinham três vezes maior risco de morrer. O estudo também apontou uma relação dose- dependente, ou seja, quanto maior a frequência com que se sentiam sós, maior o risco de morte precoce. Embora curtos períodos de isolamento já afetem a saúde, o artigo sugere que esse impacto pode ser cumulativo ao longo do tempo.
Segundo os autores, a solidão está associada a altos níveis de estresse e alterações no sistema imune, que podem levar a problemas cardiovasculares e até certos tipos de câncer. Além disso, pessoas sozinhas acabam adotando comportamentos não saudáveis, como tabagismo, alimentação desbalanceada e sedentarismo — todos fatores de risco para morte prematura.
Diversos estudos associam a solidão com mortalidade. Sabe-se, por exemplo, que ficar viúvo aumenta a mortalidade nos homens. “Não se sabe o exato mecanismo associado, mas há o aspecto psicológico das interações sociais, sentir-se pertencente a uma família ou a um grupo, sentir-se útil, servir ao próximo”, diz a geriatra Thaís Ioshimoto, do Hospital Israelita Albert Einstein.
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De acordo a especialista, o convívio com outras pessoas traz uma motivação para estar melhor. “Na minha visão e experiência como geriatra, estar com outras pessoas estimula que o idoso cuide da sua aparência, cuide da sua casa para receber amigos, mantenha atividades como cozinhar para a família… Estimula que ele viva bem para aproveitar a convivência com os outros. Ele vive com um propósito, seja cuidar da esposa ou do marido, dos netos, encontrar os amigos”, analisa Ioshimoto.
Para os autores do artigo, a solidão deve ser reconhecida como um determinante social significativo na saúde, e é preciso desenvolver intervenções para melhorar o bem-estar das pessoas e reduzir doenças evitáveis e mortes precoces.
Fonte: Agência Einstein