O cenário, agora, se agrava com a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. Se, por um lado, o Brasil ganha oportunidade de exportar para os EUA porque vai ficar mais caro para os fabricantes chineses venderem no mercado americano, por outro, as tarifas de Trump podem provocar um “tsunami” de produtos importados chineses no Brasil.
No ano passado, os EUA importaram US$ 113 bilhões [em itens de vestuário], e a China representou US$ 28 bilhões desse total. Estamos monitorando se haverá um desvio forte ou não. Por ora, temos informações do mercado de que já houve baixas de preços de produtos chineses e queda no valor dos fretes dos EUA.
Fernando Valente Pimentel, diretor-superintendente da Abit
Por conta dessas mudanças e do cenário macroeconômico brasileiro, a entidade já estima um crescimento menor do setor. A indústria têxtil deve crescer em torno de 2,5% em 2025 e a de confecção, 1%, abaixo dos aumentos de 4,8% e 3,9%, respectivamente, registrados em 2024, conforme dados da associação.
A produção local de produtos da H&M pode dar algum fôlego para a indústria nacional. Além de coleções internacionais, o plano da sueca é ter produtos nacionais, o que deve dar competitividade à marca, avalia a professora do núcleo de beleza, moda e luxo da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), Patrícia Diniz.
Ao produzir localmente, a empresa consegue fugir da volatilidade cambial, reduzir o tempo de resposta às demandas de mercado e ajustar os preços para um patamar mais competitivo. No Brasil, onde os custos de importação são elevados e a carga tributária é complexa, essa decisão pode ser o diferencial que permitirá à H&M manter sua proposta de moda de qualidade pelo melhor preço.
Patrícia Diniz, professora da ESPM
Brasil também desafia a H&M
Para chegar a um número maior de consumidores mesmo estando em apenas quatro shoppings, a empresa usará a estratégia de “omnichannel”. A ideia é ter lojas físicas integradas ao comércio eletrônico desde o início da operação.