A medida permite que a empresa ajuste seus contratos, principalmente os de leasing (aluguel de aviões) que representam parcela significativa dos passivos do setor aéreo. Com esse instrumento legal norte-americano, a companhia pretende eliminar cerca de US$ 2 bilhões em dívidas, reduzir custos com contratos de arrendamento de aeronaves e reorganizar sua frota.
A expectativa é sair do processo com uma “estrutura de negócios e de capital mais sustentável”. A empresa também protocolou, junto ao tribunal dos EUA, pedidos para garantir a continuidade das operações e evitar interrupções, o que inclui a manutenção de pagamentos a fornecedores considerados críticos para o funcionamento da companhia.
Comunicado enviado ao mercado diz que a aérea tem o apoio dos seus parceiros estratégicos e principais credores. A Azul tem hoje como maior arrendador de aeronaves, a AerCap, que representa a maior parte do passivo de arrendamento de aviões da companhia. Ela também conta como parceiros estratégicos a United Airlines e American Airlines.
Em relação à parceria com a Gol, firmada no ano passado em um acordo de cooperação comercial (codeshare), a Azul não detalhou impactos diretos. O acordo não envolve fusão ou integração societária, apenas a venda cruzada de voos e conexão entre malhas, mas segundo reportagem do Valor Econômico, a união deve ficar em segundo plano. O acordo foi anunciado em maio de 2024, poucos meses após a Gol também entrar em processo de recuperação judicial nos EUA, com dívidas estimadas em R$ 20 bilhões.
Ações da Azul abrem o pregão em baixa. Por volta das 10h49, a ação preferencial da Azul (AZUL4) cedia 8,41%, a R$ 0,98. No mesmo horário, o Ibovespa caía 0,26%, aos 139.177,94 pontos. Os recibos de ações (ADRs) em Nova York da companhia também chegaram a afundar 40%, antes da abertura das negociações à vista.
O que levou a Azul a pedir recuperação judicial
Os problemas financeiros da Azul pioraram durante a pandemia. Apesar da paralisação do setor na época, as empresas de aviação tiveram de continuar pagando leasing (o aluguel de aviões), reserva de manutenção das aeronaves, entre outros gastos. A dívida da Azul no primeiro trimestre ficou em R$ 31,35 bilhões, alta de 50,3% na comparação com igual período do ano anterior. O caixa também caiu.