Quatro veículos ocupam quatro das vagas criadas pela gestão Ricardo Nunes (MDB), embaixo do elevado Presidente João Goulart, o Minhocão. Segundo vizinhos, desde que foi criado o estacionamento passou a ser tratado como o pátio de uma oficina que fica em frente ao local, no centro de São Paulo.
O projeto-piloto que criou as novas vagas teve início com a criação do espaço para estacionar no trecho da rua Amaral Gurgel, no sentido praça Roosevelt, entre as ruas General Jardim e Major Sertório.
A iniciativa inclui outros trechos da própria Amaral Gurgel e das avenidas São João e General Olímpio da Silveira.
A oficina que usa as vagas funciona a portas fechadas e afirma ter atendimento 24 horas por dia. Um vizinho disse à reportagem que os funcionários manobram os carros quando retiram um deles de maneira que não exista espaço para que outro veículo consiga parar no local.
Como não há nenhuma restrição a tempo de estacionamento ou cobrança por tempo parado nas vagas, a situação não é irregular. A prefeitura só passa a considerar um veículo abandonado depois que ele passa cinco dias parado no mesmo lugar.
Procurada desde às 13h30 desta segunda (26), a gestão Nunes não respondeu até às 15h50 desta terça (27).
A reportagem conversou com um homem que se apresentou como dono da oficina. Ele não quis dar seu nome completo, mas confirmou que tem usado as novas vagas e disse que elas resolveram um problema.
Segundo ele, antes, quando não havia espaço dentro do galpão, os carros ficavam em cima da calçada e a oficina a acabava sendo multada. O homem disse ainda que as vagas do outro lado da rua são monitoradas pelo sistema de câmeras da empresa.
De acordo com ele, a empresa aumentou o número de atendimentos e inclusive está contratando mais funcionários, o que fez com que tivesse menos espaço para carros dentro do galpão. As locadoras de carro estão entre seus principais clientes.
Ele também diz que os mesmos carros não costumam ficar parados no lugar por mais de cinco dias, e que na semana passada outros veículos da oficina estavam nas vagas.
O projeto de criação de vagas tramitou em menos de um mês e meio e recebeu críticas de órgãos técnicos da prefeitura, que sugeriram a necessidade de consulta a outros setores, o que não foi feito até a construção dessa primeira etapa.
Em documento de 14 de abril, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) fez uma série de ressalvas ao projeto. Em primeiro lugar, apontou que as duas vias são arteriais, ou seja, são fundamentais para sistema viário nos deslocamentos de grandes distâncias. Por isso, o acesso a endereços locais não é prioridade da via.
A situação, segundo a avaliação técnica, a criação das vagas é mais complicada no trecho das avenidas São João e General Olímpio da Silveira, onde a via para bicicletas foi construída em 2015, com o traçado adaptado a partir do corredor de ônibus que liga o centro aos bairros da Lapa e Pirituba, na zona oeste.
Prefeito em exercício quando as vagas foram inauguradas, o vice-prefeito Mello Araújo (PL), anunciou a medida como forma de combater o acúmulo de lixo debaixo da via elevada. Ele também citou –em entrevista à coluna Mônica Bergamo– objetos que permanecem no local em razão da presença de pessoas em situação de rua.