“Uma vulnerabilidade [brasileira] está na falta de expertise sobre a Ásia. Sofremos um eurocentrismo, não temos especialistas em Ásia e precisamos olhar melhor para estas regiões que terão profundo impacto no agronegócio do Brasil”, afirmou.
Uma pesquisa recente da consultoria McKinsey mostra o crescimento do continente, sobretudo no Sudeste Asiático. No quarto trimestre de 2024, antes do anúncio de tarifaço do Trump, quase todas as economias desta região alcançaram um crescimento de 5% ou mais no último trimestre do ano passado.
Dados da McKinsey apontam que o Vietnã continua sendo a economia de melhor desempenho da região, com crescimento de 7,55%. Já a Tailândia passou de -5,0% para crescimento de 3,2%, sendo o terceiro maior crescimento trimestral ano a ano nos últimos cinco anos. A Indonésia experimentou um ligeiro aumento do crescimento e as Filipinas mantiveram-se estáveis, enquanto Malásia e Singapura tiveram redução trimestral moderada, mas se mantendo nos 5%.
Na nova ordem mundial, Marcos Troyjo, ex-presidente do Banco dos BRICS, acredita que o comércio internacional tende a se deslocar de capitais europeias para outras geografias, como Riad, Dubai, Xangai e Singapura.
“A cada dois dólares que o Brasil exporta, um vai pra Ásia. A cada 100 dólares exportados, 33 dólares vão para a China. Se somos o maior produtor do agro no mundo e na Ásia terá concentração de geração de demanda, vai ser difícil diminuir a dependência do Brasil pela Ásia”, avalia Troyjo.
Ele diz que, no mundo, há 193 países e o Brasil está entre aqueles com maior superávit comercial com a China e déficit comercial com os Estados Unidos. “Para o agro brasileiro, a Ásia é muito mais importante do que o mercado norte-americano”, mas é essencial conhecer o continente, à medida que lá há uma preocupação clara sobre segurança alimentar.