Em uma postagem, Renan Barreiros de Macedo comentava sobre sua condição: “Diziam que eu seria corintiano quando crescesse, nasci anão”.
A afirmação reúne duas de suas principais características: a paixão pelo Palmeiras e o humor para lidar com as dificuldades de sua rotina. Além da baixa estatura, o nanismo diastrófico, com o qual foi diagnosticado, causava problemas de locomoção.
Seus últimos passos foram aos cinco anos, época em que chegou a jogar bola com amigos de sua idade. Em Poá, na Grande São Paulo, onde vivia, sua família teve dificuldades de encontrar uma escola de ensino básico que o aceitasse. A solução foi ir para Taquarituba, onde a mãe nasceu, para ser alfabetizado numa escola de lá. De volta à região metropolitana, foi mais fácil conseguir uma escola para o menino já alfabetizado.
Mesmo cadeirante, as dificuldades de locomoção nunca foram um empecilho para que fosse ao estádio acompanhar os jogos do Verdão.
Quando morava em Mogi das Cruzes, muitas vezes saía sozinho de casa para ir ao estádio, paixão que herdou de seu pai, José Braz. Morto no ano passado, Braz era também o motivo da piada sobre o filho virar corintiano quando crescesse.
Renan começou a ficar conhecido entre os torcedores inclusive pela solidariedade que precisava algumas vezes para chegar ao estádio e voltar para casa. Para os pais, era importante que ele fizesse o que tinha vontade, mesmo que tivesse de enfrentar os problemas de acessibilidade comuns em muitas regiões das cidades brasileiras.
No início da década passada, a ligação com o alviverde começou a virar trabalho, quando criou com outros amigos uma rádio especializada no clube pela internet. Animado com a incursão pela comunicação, ele decidiu cursar a faculdade de jornalismo. Formou-se graças ao apoio da mãe, que muitas vezes tinha de levá-lo para a faculdade.
Mas o que o tornou famoso no meio da torcida e entre os jogadores foi a página Pomerense, que trata com humor sobre o cotidiano palmeirense, muitas vezes com um texto caricato de internet para o personagem.
O projeto deu tão certo que ele chegou a realizar o sonho de comprar um apartamento na zona leste da capital paulista.
Também atuou para a criação do plano para PCDs do Avanti, programa de sócio-torcedor do Palmeiras, e o aperfeiçoamento do setor de cadeirantes do Allianz Parque.
Seu humor fez com que se aproximasse de alguns de seus ídolos, como os goleiros Fernando Prass e Marcos. Renan morreu no último dia 26 de março. Deixou a mãe Clotilde e os irmãos Darverson, Davi, Reginaldo, Márcia e Mara.
coluna.obituario@grupofolha.com.br
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