Foi passado para os ministérios, mas não serão eles que executarão essa verba. Quem determinará onde esse dinheiro será gasto são os parlamentares, que farão isso de forma sigilosa. O dinheiro será gasto e as pessoas não saberão quem é que está indicado. É muito pior do que a versão anterior do orçamento secreto.
Na versão anterior, embora os nomes dos padrinhos das verbas permanecessem sob sigilo, havia uma rubrica, chamada de RP9, que identificava pelo menos o valor. Agora, vai para o ministério e esses R$ 8,5 bilhões serão diluídos. Embora os parlamentares façam a indicação para onde vai e no que deve ser gasto, ninguém vai saber. Há muito por trás desse tipo de manobra, exceto interesse público.
Ficamos sabendo que o Legislativo passaria a executar diretamente no orçamento deste ano R$ 50,5 bilhões. Se considerarmos esses puxadinhos que foram acordados dentro da engrenagem dos ministérios e a verba que estava retida e foi liberada com negociação da Gleisi Hoffmann, os parlamentares executarão na prática R$ 61,7 bilhões do orçamento. Isto é uma excrescência, porque parte desse dinheiro vira corrupção. Josias de Souza, colunista do UOL
Josias criticou Lula por deixar de cumprir a promessa de acabar com o orçamento secreto, ainda mais em um momento no qual a letargia domina o Congresso.
Quando era candidato, Lula disse durante a campanha que acabaria com o orçamento secreto, que chamava de excrescência que permitia ao Congresso sequestrar o orçamento. O governo está se aliando aos sequestradores. Quem está sendo sequestrado é o interesse público, a verba do contribuinte.
Isso ocorre no instante em que o contribuinte brasileiro está sendo chamado para prestar contas à Receita Federal. Esse dinheiro suado é gasto dessa maneira sub-reptícia, sem que possamos ao menos controlar. Isso deveria ao menos resultar em apoio para o governo, mas os parlamentares não estão nem trabalhando.