Assim, a afirmação do ministro não passa de um lero-lero — e dispensável, já que se trata de um lero-lero. Seria melhor que Haddad, ao fazer o enunciado correto, complementasse a afirmação com a lembrança de que, para isso, seriam necessários alguns requisitos que não estão disponíveis neste momento.
Se há exemplos específicos de empresas que estejam investindo, com vistas a aumentar a produção, são sem qualquer dúvida exemplos bem específicos. Em geral, as condições existentes, principalmente as financeiras, não recomendam investimentos produtivos. Ao contrário, são barreiras a pretensões nessa direção.
As taxas de juros muito altas — a básica, referência inferior para as demais, está próxima de 15% nominais ao ano, o que significa uma taxa real acima de 8% ao ano — tornam irrealista qualquer plano de ampliação de negócios, ante taxas de retornos insuficientes para cobrir o serviço — amortização do principal mais pagamento de juros — dos financiamentos. Não por coincidência, o crédito tem se expandido puxado por empréstimos de bancos públicos, BNDES à frente, que oferecem linhas com juros subsidiados.
Na história econômica brasileira, faz muito tempo que as taxas de investimento mal se sustentam em 17% do PIB — o mínimo, se tanto, para repor o investimento existente. No último quarto de século, de 2000 a 2024, foram apenas quatro os anos em que a taxa de investimento chegou a 20% do PIB, um volume insuficiente para garantir ampliação sustentada da produção.
De acordo com levantamentos do FMI, de meados de 2024, a taxa de investimento brasileira se situa entre as 20 menores do mundo. Projeções do FMI para 2029 apontam taxa de investimento brasileira abaixo de 16% do PIB, inferior à global, projetada em 23% do PIB (sem considerar a China, que distorce as médias pela sua taxa muito elevada), idem em relação aos emergentes (26% do PIB) e até na comparação com os países latino-americanos (19,7%).
O baixo volume de investimentos brasileiros em ampliação da produção ou modernização de equipamentos e processos produtivos, afeta diretamente a produtividade da economia. Esta também roda em níveis baixos sob qualquer comparação internacional.