O tempo em que a taxa de juros permanece em nível restritivo deve ser mais relevante do que a intensidade dos ajustes. “Temos reforçado que, com as expectativas desancoradas e o cenário atual, inclusive pelo histórico recente, faz sentido manter os juros nesse patamar por mais tempo.”
Crescimento do PIB também conta. O presidente do BC também comentou o crescimento sustentado da economia brasileira, que deve completar quatro anos seguidos com avanço acima de 3%, mesmo com juros nominais em dois dígitos. “Dessa vez, não estamos vendo revisões para cima do crescimento, como ocorreu em anos anteriores, o que mostra que a resposta da taxa de juros tem surtido efeito.”
‘Vamos explicar como reagir, e não o que vamos fazer’
BC não deve antecipar os passos das próximas reuniões. Apesar das expectativas do mercado, Galípolo disse que este não é o momento de sinalizar o que o BC fará adiante, mas de explicar como a instituição reage às variáveis do cenário. “O momento de incerteza demanda muito mais uma postura nesse sentido, de explicar qual é a nossa função de reação, e menos de dizer o que vamos fazer.”
Entre as incertezas domésticas, ele mencionou a indefinição sobre o chamado “tarifaço” do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A análise repete a ata do Banco Central, no último dia 13, que também apontou com dúvidas sobre a clareza, viabilidade e efeitos práticos das tarifas que podem ser aplicadas.
BC continuará analisando cenário. Para o Brasil, o BC afirma que o caminho principal de análise do impacto do tarifaço são pelas atividades globais, nesse caso, commodities e câmbio, além da inflação. Galípolo defendeu as decisões recentes da autoridade monetária, citando que o núcleo de alimentos registrou inflação de 17% entre janeiro de 2024 e abril de 2025, o que justifica os 425 pontos-base de alta na taxa Selic observados no período.