Relator da proposta também não foi definido. O parlamentar poderá manter ou alterar o texto atual, que fala em quatro dias de trabalho na semana. A deputada federal Erika Hilton (PSOL), autora da PEC, diz que o texto foi apresentado com uma certa “gordura” de propósito. “A política é feita dessa maneira. Se conseguirmos aprovar 5×2 já é um grande avanço”, afirmou ontem à CNN.
Para uma PEC ser aprovada na Câmara, são necessários os votos de, no mínimo, 308 dos 513 deputados e deputadas, em dois turnos de votação. Para os críticos, a medida levaria ao aumento dos custos operacionais das empresas. É o que defende, por exemplo, a entidade patronal CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).
Apesar dos discursos, nenhum avanço concreto foi feito para que o texto seja votado, opinou a colunista do UOL, Andreza Matais. Ela diz que o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos), não colocou em debate nenhuma tema de relevância desde que assumiu a Casa, em fevereiro.
Falta apoio do governo federal e “principalmente do presidente Lula”, diz um dos líderes da causa. Em abril, o vereador Rick Azevedo (PSOL) afirmou que o governo não apoia o projeto do jeito que deveria. “O que está faltando é a questão do diálogo mesmo. Temos a esperança de que, em algum momento, a gente tenha uma sinalização mais incisiva ao longo deste ano”, disse em entrevista ao jornal “O Globo”.
Anteontem, Lula falou em “aprofundar” debate sobre escala 6×1. Em pronunciamento na TV sobre o 1º de Maio, o presidente afirmou que é “hora do Brasil dar esse passo” e que vai ouvir todos os setores da sociedade “para permitir um equilíbrio entre a vida profissional e o bem-estar de trabalhadores e trabalhadoras”.
No Planalto, acredita-se que esta é a oportunidade de Lula se reaproximar do eleitorado trabalhador, que tem sido perdido para a direita nos últimos anos. Na reunião com as centrais nesta semana, o presidente prometeu mais empenho. Em conversas, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, tem dito que vai colocar a pauta como uma das prioridades do governo no Congresso, em tentativa consenso com a Mesa Diretora.