Por outro lado, o índice de cobertura subiu de 134,5% para 183,6%. “Isso indica que as provisões futuras podem ser menores. O BB criou uma gordura extra no 1TRI25 para aliviar os próximos trimestres”, conclui Ávila.
Payout e dividendos conservadores
No 4TRI24, o BB reforçava que pagaria 45% de payout (fatia do lucro para proventos) em 2025. Embora exista uma faixa, de 40% a 45%, sempre tendia para o topo. Mas no 1TRI25, o discurso mudou: o banco avisou que vai trabalhar com o piso conservador de 40%, diante do risco no crédito rural e piora dos resultados.
Perguntei ao CFO se haveria chance de rever esse número, mas ele descartou mudanças por ora. “Estamos colocando muitas medidas para acelerar a recuperação”, citou, que envolvem a resolução 4966, o Plano Safra e juros mais baixos, que podem fortalecer os resultados.
Segundo Tobias, não há razão para mexer no payout de 40% hoje. Alguns analistas já cravam esse percentual para os dividendos em 2025. Bruno Oliveira, analista do Vida de Acionista, diz que esperar algo maior é otimismo, devido à inadimplência no agro, impacto da 4966 e a Selic ainda elevada.
Com lucros menores, os dividendos naturalmente recuam. Milton Rabelo, analista da VG Research, concorda, mas destaca que, com a ação barata, o dividend yield segue atrativo.
Ele vê potencial para mais proventos nos próximos anos, via dividendos ou juros sobre capital próprio, aproveitando incentivos fiscais mesmo com resultados mais fracos. “As ações do BB seguem atrativas para investidores focados em renda passiva no longo prazo”.