A OIT identificou uma variação real dos salários dos trabalhadores no mundo todo de 1,8% em 2023 e de 2,7% em 2024. Ainda assim, são números distantes da realidade dos diretores de grandes empresas.
A desigualdade também transparece quando se analisa a situação dos bilionários. Segundo o banco de dados anual da Forbes, a riqueza total desse grupo somou US$ 14,2 trilhões em 2024, com uma média de US$ 5,1 bilhões. Em 2025, o total já havia subido para 16 trilhões e a média, para US$ 5,3 bilhões. Essa diferença entre as médias, de US$ 206 bilhões, equivale a um acréscimo de US$ 23,4 mil por hora. É mais do que os US$ 20,7 mil que um trabalhador recebe, em média, durante um ano.
Mulheres ainda recebem menos
Outro aspecto analisado pela Oxfam foi o salário pago para mulheres e homens. O estudo levou em conta 11.366 companhias de 82 países com faturamento superior a US$ 10 milhões. Os homens recebiam uma remuneração 26,6% maior em 2022, mas a diferença caiu para 22,2% em 2023 (último dado disponível). O cálculo também considerou a mediana, para evitar distorções.
No estudo, a Oxfam destaca que isso significa que as mulheres trabalham um dia todo sem receber por isso. Já os homens ganham pela semana inteira, em uma jornada de 8 horas por dia. Também ressalta que essa comparação analisa apenas dois anos, o que impede a identificação de tendências de longo prazo. Isso ocorre porque ainda é recente a exigência de que as empresas divulguem essa diferença de salários. Ou seja, ainda é cedo para saber se essa redução da diferença vai persistir pelos próximos anos.
Os países em que houve maior disparidade foram Japão e Coreia do Sul, onde os homens receberam cerca de 40% a mais que as mulheres em 2023. Na América Latina a diferença também foi alta, ficando em 36% – em 2022, tinha sido de 32%. No comunicado, a diretora-executiva da Oxfam Brasil, Viviana Santiago, destacou que o Brasil segue essa tendência de aumento. Os dados do Ministério das Mulheres indicam que elas ganharam 20,7% a menos do que os homens em 2023, contra 19,4% no ano anterior. “E a situação fica ainda mais grave quando olhamos para as mulheres negras, onde essa diferença pode ultrapassar 50%”, diz Santiago. Já as empresas do Canadá, Dinamarca, Irlanda e Reino Unido tiveram uma disparidade bem mais baixa, de 16%.