O que mais chamou a atenção, na divulgação da Pnad Contínua do primeiro trimestre, foi a elevação do rendimento real habitual. A explicação para mais um novo aumento nas médias salariais pode ser encontrada nas alterações que estão ocorrendo na composição do mercado de trabalho.
Nas últimas cinco divulgações da Pnad Continua, as ocupações formais vêm avançando em relação às informais. Entre janeiro e março, por exemplo, o nível de empregos informais caiu a 38% da população ocupada, percentual mais baixo da série histórica, excetuado o período da pandemia.
Segundo o economista Imaizumi, essa mudança na composição da população ocupada se deve, de início, à atividade relativamente aquecida dos últimos anos, mas também a outros fatores, alguns estruturais.
“Além dos reajustes do salário mínimo acima da inflação e da ampliação do conceito de emprego formal, introduzida na reforma trabalhista do governo Temer, os processos de desburocratização e digitalização na economia, que facilitam a formalização, têm contribuído para a expansão dos empregos com carteira assinada e de empreendimentos cadastrados de pessoas jurídicas do Imposto de Renda”. Bruno Imaizumi, economista da LCA 4intelligence.
Empregos formais, por princípio, são mais estáveis e propiciam melhores salários do que os informais. Com o aquecimento econômico, as negociações salariais têm resultado em reajustes acima da inflação para os trabalhadores. Levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), aponta que, de um ano para cá, entre 80% e 90% dos reajustes de salário negociados ficaram acima da inflação.
Massa de salários
É notável a escalada da massa de rendimentos salariais na economia, a partir de 2022. Em valores de março de 2025, a elevação, até março de 2025, superou 30%. O ingresso desses recursos na economia deve contribuir para que a população ocupava avance pelo menos 1,5% neste ano, alcançando novo recorde de 105 milhões de trabalhadores.