Quarta geração de produtores de café na família, Fernanda entrou no ramo há quase seis anos, após assumir a propriedade de sua mãe e dar continuidade à produção que já existia. Nessa época, ela conheceu o mundo dos cafés especiais e percebeu que o grão que produzia era de alta qualidade. Foi então que a produtora decidiu criar uma marca própria, que batizou de Café Maricota, em homenagem à sua bisavó.
Nos 13 hectares que administra, Fernanda tem aproximadamente 50 mil pés de café plantados da espécie arábica e da variedade catuaí vermelho. Para o Chile, ela envia uma média de 30 kg de café por mês. “Utilizo transporte aéreo porque como ele é torrado, eu preciso que chegue muito rápido para não perder a qualidade”. Do outro lado da Cordilheira dos Andes, Karina recebe o Café Maricota e outro que é produzido especialmente para ela.

A paixão por cafés também fez Thiago Saraiva, 37, levar o grão brasileiro para o Chile. Há 12 anos, o curitibano percebeu o crescimento no consumo da bebida no país e abriu o Café Mandrake. Hoje, ele tem três lojas nas cidades costeiras de Algarrobo e Viña del Mar, e já chegou a ter unidades em Santiago. Porém, por conta dos custos de operação, preferiu seguir somente com as unidades do litoral.
Na loja de fábrica, situada em Algarrobo, Saraiva faz o processo da torra dos grãos do café que importa de produtores de Minas Gerais e do Espírito Santo, principalmente. Segundo o empresário, é um trabalho bastante artesanal, pois cada tipo de café requer uma torra diferente. “Se você tem um café e quer realçar mais a parte doce dele, vai torrar de uma forma. Se você quer realçar a característica frutal dele, precisará torrar de outra maneira”, explica.
Em Valdivia, no sul do Chile, Jaqueline Orsine (57) também torra o café que traz do Brasil. Casada com um chileno, a mineira de Turmalina, cidade do Vale do Jequitinhonha, se mudou para o país de vez em 2009, já com a ideia de trabalhar no ramo. Em 2018 criou o Santo Grão e hoje conta com a ajuda do filho Bernardo no empreendimento.