Desde o agravamento das tensões comerciais entre os dois países e os problemas internos da própria companhia (que enfrentou problemas com a linha 737-Max e uma dolorosa greve no ano passado), a Boeing não registra grandes encomendas vindas da China.
Segundo a Bloomberg, cerca de dez aeronaves 737 Max estavam prestes a ser entregues a empresas como China Southern Airlines, Air China e Xiamen Airlines. Parte desses aviões está estacionada na unidade da Boeing em Seattle, enquanto outros se encontram em fase final de montagem na cidade chinesa de Zhoushan.
Embora a ordem de suspensão tenha entrado em vigor em 12 de abril, há possibilidade de que algumas entregas previamente contratadas sejam concluídas, caso a caso, de acordo com fontes ouvidas pela agência.
Sem saudades da ex
Em 2020, quando estourou a pandemia, a Boeing desistiu de comprar a brasileira Embraer, depois de a negociação ter sido finalizada e as condições da transação, acertadas.
Numa analogia com os relacionamentos, para a Embraer foi como ter se livrado de um parceiro que, depois, afundaria em problemas. Livramento.
Cinco anos depois de ter sido abandonada à beira do altar, a brasileira vive o seu melhor momento corporativo nos últimos anos: encerrou 2024 com lucro líquido de R$ 2,6 bilhões, quase 700% de crescimento em relação ao ano anterior.
No pregão de hoje, já depois que a notícia da Bloomberg circulava no mercado, a ação da Embraer subia 3,94% às 11h.
Para a Boeing, o ano passado foi um dos mais difíceis de sua história, tendo registrado um prejuízo anual de US$ 11,8 bilhões (US$ 3,8 bilhões apenas no quarto trimestre).
Por conta da volatilidade do cenário geopolítico, dos anúncios e recuos de Trump, é cedo para cravar se essa situação vai perdurar a ponto de produzir danos permanentes à gigante aeroespacial americana. A reação dos mercados mostra que a China escolheu apertar uma ferida ainda não cicatrizada para causar dor.
Reportagem
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